Evangelização Verdadeira

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para 24 de maio de 2017
Quarta-feira da sexta semana da páscoa

Textos litúrgicos SUA PARTICIPAÇÃO FAZ A DIFERENÇA

 

LÁ tem havido muito barulho desde os comentários do Papa Francisco, alguns anos atrás, denunciando o proselitismo - a tentativa de converter alguém à sua própria fé religiosa. Para aqueles que não examinaram sua declaração real, causou confusão porque, trazendo almas a Jesus Cristo - isto é, ao Cristianismo - é precisamente por que a Igreja existe. Portanto, ou o Papa Francisco estava abandonando a Grande Comissão da Igreja, ou talvez ele quisesse dizer outra coisa.

O proselitismo é um absurdo solene, não faz sentido. Precisamos nos conhecer, ouvir uns aos outros e melhorar nosso conhecimento do mundo ao nosso redor.—POPE FRANCIS, entrevista, 1º de outubro de 2013; repubblica.it

Nesse contexto, parece que o que o Papa está rejeitando não é a evangelização, mas uma método de evangelização que não atrapalhe a dignidade alheia. A esse respeito, o Papa Bento XVI disse exatamente a mesma coisa:

A Igreja não faz proselitismo. Em vez disso, ela cresce por “atração”: assim como Cristo “atrai todos a si” pela força do seu amor, culminando no sacrifício da Cruz, a Igreja cumpre a sua missão na medida em que, em união com Cristo, realiza cada uma das suas obras no espiritual e imitação prática do amor de seu Senhor. —BENEDICT XVI, Homilia de Abertura da V Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe, 13 de maio de 2007; vaticano.va

Vemos esse tipo de evangelização verdadeira - a imitação de Cristo - na primeira leitura da missa de hoje, onde Paulo envolve os gregos pagãos. Ele não entra em seus templos e trai sua dignidade; ele não insulta suas crenças míticas e expressões rituais, mas as usa como base para o diálogo. 

Vejo que em todos os aspectos você é muito religioso. Pois enquanto eu caminhava olhando atentamente para seus santuários, até descobri um altar com a inscrição 'Para um Deus desconhecido'. Portanto, o que você adora sem saber, eu proclamo a você. (Primeira leitura)

Muito mais do que o homem pós-moderno (que é cada vez mais ateu e superficial), Paulo tinha plena consciência de que as mentes mais brilhantes de sua época - médicos, filósofos e magistrados - eram religiosas. Eles tinham o senso inato e a consciência de que Deus existe, embora não pudessem entender de que forma, uma vez que ainda não havia sido revelado a eles. 

Ele fez de uma só raça humana inteira para habitar em toda a superfície da terra, e fixou as estações ordenadas e os limites de suas regiões, para que as pessoas pudessem buscar a Deus, talvez até mesmo tatear por ele e encontrá-lo, embora de fato ele não está longe de nenhum de nós. (Primeira leitura)

Sua majestade está acima da terra e do céu. (Salmo de hoje)

Assim, de diferentes maneiras, o homem pode saber que existe uma realidade que é a causa primeira e o fim último de todas as coisas, uma realidade “que todos chamam de Deus” ... todas as religiões testemunham a busca essencial do homem por Deus.  -Catecismo da Igreja Católica, n 34, 2566

Mas com o advento de Jesus Cristo, a busca por Deus encontra seu lugar. Ainda assim, Paul espera; ele continua a falar a língua deles, até citando seus poetas:

Pois 'nele vivemos, nos movemos e temos nosso ser', como até mesmo alguns de seus poetas disseram: 'Pois nós também somos sua descendência.'

Dessa forma, Paulo encontra um terreno comum. Ele não insulta os deuses gregos nem menospreza os desejos autênticos das pessoas. E então, eles começam a sentir, em Paulo, que eles têm alguém que entende seus anseios internos - não alguém que, por causa de seu conhecimento, é superior a eles, onde ... 

Uma suposta solidez de doutrina ou disciplina conduz ao invés a um elitismo narcisista e autoritário, pelo qual em vez de evangelizar, se analisa e classifica os outros, e em vez de abrir a porta para a graça, esgota suas energias em inspecionar e verificar. Em nenhum dos casos a pessoa está realmente preocupada com Jesus Cristo ou com os outros. -PAPA FRANCISCO, Evangelii Gaudiumn. 94 

Esse aspecto relacional é o que o Papa Francisco vem enfatizando desde o primeiro dia de seu pontificado. Mas para o cristão, a evangelização nunca pode terminar meramente com o alcance de um acordo abstrato ou objetivos mútuos para o bem comum - por mais dignos que sejam. Em vez…

Não há verdadeira evangelização se o nome, o ensino, a vida, as promessas, o reino e o mistério de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus, não forem proclamados. - PAULO VI, Evangelii nuntiandi, n. 22; vaticano.va 

E assim, tendo encontrado um terreno comum, Paulo dá o próximo passo - aquele passo que coloca o relacionamento, a paz, seu conforto, segurança e até mesmo a própria vida em risco. Ele começa a permitir que Jesus Cristo surja:

Visto que, portanto, somos descendentes de Deus, não devemos pensar que a divindade é como uma imagem feita de ouro, prata ou pedra pela arte e imaginação humanas. Deus esqueceu os tempos de ignorância, mas agora ele exige que todas as pessoas em todos os lugares se arrependam, porque ele estabeleceu um dia no qual ele 'julgará o mundo com justiça' por meio de um homem que ele indicou, e ele forneceu confirmação para todos, levantando ele dentre os mortos.

Aqui, Paulo não mima seus egos, mas fala a um lugar em seu coração que eles já estão instintivamente cientes: aquele lugar onde eles sabem que são pecadores, buscando um Salvador. E com isso, alguns acreditam, e outros simplesmente zombam e vão embora.

Paulo não fez proselitismo, nem se comprometeu. Ele evangelizou.

 

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Deus te abençoe e obrigado.

 

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